
Durante muito tempo acreditei que ele era feliz; sempre o via sorrindo e rodeado de amigos. Era ele quem trasbordava bom humor quando ninguém mais conseguia sorrir; e isso era tão constante que eu chegava a pensar que ele não tinha problemas na vida. Estava sozinho naquela tarde, sentado olhando o rio, pensei em ir até lá e fazer companhia, mas optei em apenas observar. Afinal, eu nunca o vi antes sozinho e tinha certeza que ele não se escondeu naquele lugar por acaso, parecia não querer ser encontrado. Sua expressão era preocupante, e seu ar era de seriedade; jogava gravetos no rio e observava a correnteza levá-los pra longe. Ele não percebeu minha presença, eu tentava me aproximar um pouco mais, pois aquilo despertou curiosidade, eu queria muito saber qual o motivo que o levou a estar sozinho naquela tarde. Foi quando pisei em um montinho de folhas secas, e ele olhou para trás e me viu; fiquei parada, enquanto ele se levantava e vinha na minha direção. Eu não sabia o que dizer, como me explicar, o que fazer, fiquei tensa. Então ele me olhou e disse, "Não conte a ninguém que me viu chorar aqui, por favor"; e se foi. Não tive tempo de dizer nada, e também não cheguei a tempo de o ver chorar, acredito que o tempo que levei para chegar aqui, foi o mesmo que ele levou parar enxugar todas as lágrimas; mas chorou, e ele mesmo confessou. Quando vemos as coisas de perto, elas podem não ser como as enxergamos de longe, e então percebemos que nem tudo o que vemos é toda a verdade. Distantes podem parecer puros, mas quando próximos, conseguimos enxergar as impurezas.
Paula B.
Ps: As pessoas que conhecem o significado de "colóide" conseguem associar o título ao texto.