sábado, 3 de agosto de 2013

O que doía era pensar demais


Não passava de mais um sábado a noite solitário, a cabeça latejava de dor e parecia pesar uma tonelada. Ela estava sentada na poltrona da sala com seu pijama rosa claro com bolinhas minúsculas pretas e uma xícara de chá na mão, chá de maçã com baunilha. Estava inerte, o olhar fixo para o céu preto que via da janela, mal piscava. Seus pensamentos eram fora de ordem e batiam como ondas de maneira aleatória, caótica, como se jogassem para o alto todas as peças de um quebra-cabeça, ela estava confusa, e isso fazia a cabeça a doer cada vez mais, dor aguda. O som da televisão era baixo, algum filme estrangeiro estava passando, devia ser francês mas não tinha certeza, o som do seu consciente era muito mais alto. Sentia uma enorme vontade de chorar; ela tentava mas as lágrimas não caíam. Entre os goles de chá quase frio, respirava fundo e seu peito doía; angústia? Pode ser. Retomou memórias de acontecimentos ocorridos a alguns meses atrás e sorriu. Pelo menos sorriu. Poderia passar a madrugada inteira com aqueles pensamentos na cabeça que não chegaria a lugar algum. Cansada de tanto pensar, e incomodada pela dor de cabeça que tendia a piorar, ela resolve ir para a cama, e então adormece.

Paula B.

domingo, 7 de julho de 2013

Vontade que nunca existiu

Depois de sofrer uma drástica mudança comporta(mental) em relação ao que viveu nos últimos anos em questões sentimentais, ela finalmente acha que o universo resolve conceder-lhe uma outra chance para tentar ser feliz novamente. Até que foi mais rápido do que pensou, até que foi bem melhor ao que imaginou. Embora os acontecimentos tenham se desenrolado de maneira nem tanto cautelosa, e tudo parecendo incrivelmente perfeito demais para estar dando certo, essa coisa constante se quebra; sem entender nada, apesar de querer entender, ou talvez profundamente nem queira entender absolutamente coisa alguma. Tudo bem, ela nunca acreditou que nada fosse constante a não ser mudanças, nelas sim, acreditava severamente, tanto, que não se abalava facilmente com a alternância de humor, vontade ou comportamento das pessoas. Sempre caminhou sozinha. Mesmo com a família, amigos, ela nunca precisou de alguém, no caso, um companheiro, namorado, amante o que quer que seja para decidir as coisas que queria da vida ou ter coragem para realizar alguns feitos, ou até mesmo suprir a carência sentimental que existia mesmo ela nem se dando conta desta existência; ela se bastava, ou melhor, ela acreditava nisso. Tal crença a fez pensar que era autossuficiente e que diferentemente de outras pessoas, não precisava de ninguém para ser feliz. Achava desnecessário a ideia de ter alguém ao lado para ser mais alegre, e achava ridículo meninas da sua idade planejando casar-se ou trocarem de maneira tão rápida de namorados por não conseguirem ficar sozinhas. Descobriu uma vez o que foi viver algo intenso com alguém, um cara, por quem foi cegamente apaixonada ao ponto de nem reconhecer a si mesma. Teve o coração partido, estraçalhado. E honestamente, acho que ela nem sabe onde foram parar alguns destes cacos. Mas a sua vontade de viver algo intenso e duradouro foi enraizando por dentro, não sabia o motivo, talvez por ter experimentado o gosto de ter alguém que realmente exista uma vontade de estar sempre perto, de querer compartilhar não apenas as felicidades, mas tudo o que lhe acontece, e ainda além, querer fazer planos com a pessoa, e ter a pretensão que ela esteja em sua vida quando este futuro chegar e tudo saia como planejaram juntos. E é feliz por acreditar que tudo isso possa acontecer, e surpreendida por ainda possuir este tantinho de fé que nem imaginava ter.

Paula B.



domingo, 3 de fevereiro de 2013

Lutar para esquecer o que parece ser inesquecível



Sabe quando o coração está farto de tanto sofrimento? Quando todas as esperanças que existiam foram para um lugar onde você não possa mais enxergar? E você então sente aquela sensação gelada por dentro, como um vento polar solidificando o que antes havia derretido. Durante três anos eu permaneci em um posto de esperança, meu coração já quebrado em algumas partes ainda se abalava aflito enquanto você oscilava em suas decisões, mas apenas oscilava. Era incrível a minha capacidade de acreditar na sua mudança e a sua capacidade de conformismo. Eu não quero entender o porque você insiste em nadar em rios repletos de crocodilos ao iinvés de mergulhar na imensidão azul de água cristalina e pacífica. Talvez algumas pessoas gostem de viver sofrendo, por terem sido rotuladas por si mesmas mártires da própria vida. A sua insegurança e covardia o nomearam prisioneiro de sua própria vida. E sendo assim você quebra mais um pouco do meu coração, aquele que você já havia quebrado antes. Desistirei de entender ou de esperar por alguém que não conhece a própria capacidade interior e muito menos possui fé em suas ações e vontades. A pessoa que eu enxergava antes foi derrubada por atitudes mesquinhas e fracas, criando agora a imagem de um gigante covarde que abdicou da felicidade para viver o conforto do território conhecido, perturbador, porém conhecido. Eu pedirei todos os dias para esquecer de todas as lembranças sobre você, por mais que tenham sido um dos momentos em que mais fui feliz, pareciam ter sido vividos com uma outra pessoa. E mesmo que no momento eu pareça ter sido esquecida e perdida na escuridão, eu lutarei para encontrar a luz outra vez. Depois me muita reflexão, pensamentos aleatórios, conclusões, me dei conta de estar insistindo em nadar em rios repletos de crocodilos também. E tudo que desejo agora é encontrar a imensidão azul de água cristalina e pacífica.

Paula B.